Quais as ações e iniciativas na Fazenda Bela Vista relacionadas à biodiversidade?
CF: Nossas ações envolvem obedecer e seguir os controles de manejo que a própria legislação brasileira exige, na preservação da fauna e da flora. Ou seja, a gente trabalha somente com nossas operações nas áreas que são determinadas para produção pecuária e agrícola. O que a gente faz é não permitir que se trabalhe nas áreas protegidas.
Outra ação é a parceria com a Black Jaguar e esse projeto de revitalização de uma pequena Área de Preservação Permanente aqui da propriedade.
A Fazenda Bela Vista possui 51% do total da sua área preservada. 35% é de Reserva Legal, conforme estabelece o Código Florestal Brasileiro – e já está tudo documentado e registrado. E existe uma Área de Preservação Permanente de 1,2km de comprimento por 500m de largura às margens do rio Araguaia. Além disso, também temos lagos na fazenda com suas respectivas APPs preservadas. E toda essa área preservada está condensada em uma região só – criando um baita corredor ecológico.
Como se iniciou a parceria com a Black Jaguar?
CF: Começou no final de 2021, quando eu recebi uma visita do Ben Valks (iniciador) e da Marcelle (coordenadora de articulação). Eles vieram aqui nos visitar e apresentar o projeto. No que terminou a apresentação, eu só falei “Ben, pode contar com a Fazenda Bela Vista, nós estamos juntos nesse projeto”.
Quais os benefícios para você como produtor rural nesta parceria com a Black Jaguar?
CF: O principal benefício é a revitalização da APP que nós temos na fazenda. Nós acreditamos que com essa revitalização, nós vamos garantir ou até aumentar a água na nascente da fazenda.
Outro grande benefício é questão da legislação. Quando nós, produtores rurais, recebemos a Black Jaguar e ela vem com esse projeto de regularizar as áreas degradadas, é um grande benefício porque nós sabemos que não vai demorar muito para sermos fiscalizados, e a Black Jaguar já está se antecipando na solução desse problema. Quando instituições financeiras começarem a cobrar isso, já estaremos prontos e não teremos dificuldade de ir ao mercado pedir capital.
Isso, para nós, é um grande benefício, eu não vejo como um produtor rural não vai abraçar essa causa.
Qual a sua motivação para trabalhar em parceria com a Black Jaguar?
CF: Eu sou apaixonado pelo meio ambiente. Inclusive, sou pós-graduado em meio ambiente. Sou apaixonado pela preservação, tanto da fauna quanto da flora. Isso é o que me dá prazer em trabalhar com a Black Jaguar, de saber que ela tem um desafio enorme pela frente e está preocupada com a preservação das margens do rio Araguaia.
O que você acha da forma de trabalho da Black Jaguar com relação à restauração?
CF: Eu acredito que a Black Jaguar está no caminho certo, tem um planejamento bem-feito, um projeto muito bem elaborado, pé no chão. No primeiro contato em busca de novos parceiros rurais, os profissionais são muito eficientes, respeitosos, não há imposição. Eles vêm apresentar o projeto e cabe a nós aceitarmos ou não. Além disso, a Black Jaguar não tem um objetivo de expansão a todo custo, vai crescendo à medida que vai concretizando seus projetos.
Você sente que agora você está contribuindo para a restauração ecológica?
CF: Sim. Não só eu, mas outros produtores parceiros da Black Jaguar, com quem tenho contato, também sentem isso.
Você recomendaria essa parceria para outros produtores rurais?
CF: Não só recomendaria, como sou um divulgador dessa ideia. Por onde eu passo, com produtores que eu tenho contato, eu falo muito sobre a Black Jaguar. E quando as pessoas me procuram porque a Black Jaguar as contatou, eu sou um entusiasta, eu falo “gente, vamos porque é um projeto que vai dar certo”. É um projeto muito interessante para o produtor rural, para a Black Jaguar e mais ainda para a natureza. É possível produzir e preservar. A produção e a preservação podem muito bem caminhar juntas.
Por que a Black Jaguar é a melhor alternativa para você?
CF: Porque ela tem um grupo de profissionais muito bom, um projeto sério e bem estruturado. E vem vencendo vários obstáculos, mesmo com as dificuldades. E também pelas parcerias que tem feito aqui no Brasil. Inclusive a Fazenda Bela Vista recebeu dois produtores que, após a visita, viraram parceiros da Black Jaguar
Seu Carlos Félix, muito obrigada pela entrevista! Tem algo que você gostaria de acrescentar?
CF: Só gostaria de acrescentar que nós, do agronegócio, somos taxados como destruidores do meio ambiente, mas aqui no Tocantins, o que percebemos é que os produtores rurais têm uma preocupação muito grande com o meio ambiente e com o cumprimento da legislação. Do contrário, não estaríamos abraçando a Black Jaguar.
O que nós temos de déficit são coisas que aconteceram lá atrás nós carregamos esse passivo. Antigamente, não éramos cobrados em relação a Reserva Legal e APPs, mas hoje nós temos essa preocupação de proteger o meio ambiente e, no mínimo, cumprir a legislação brasileira. Tanto que, há um ano, nós criamos no Vale do Araguaia, uma Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Tocantins (ADESTO).
Essa associação está empenhada em produzir de maneira sustentável. E cada vez mais produtores têm aderido, porque estão preocupados com a questão ambiental. Porque nós precisamos produzir alimentos, o mundo precisa de alimentos. Mas, por outro lado, também precisamos deixar nossa contribuição ao meio ambiente.