Nosso primeiro webinar internacional ocorreu no dia 9 de setembro. Foi incrível ver gente do mundo inteiro se reunir para essa discussão tão importante. Por favor entre em contato conosco para deixar seus comentários!
Para aqueles que não puderam participar, neste webinar discutimos os resultados do estudo de impacto do Corredor de Biodiversidade do Araguaia. Todos os custos e benefícios associados a esse projeto de reflorestação foram levantados e discutidos neste fórum.
Aqui estão alguns resultados deste estudo:
- Os benefícios trazidos pela restauração do Corredor do Araguaia são estimados em 21 bilhões de dólares. Para calcular esses benefícios, nós levamos em conta o custo social do carbono evitado (17.1 bilhões de dólares); a redução da erosão do solo (1.2 bilhões poupados) e a receita adicional gerada através da agrofloresta e dos sistemas sustentáveis de manejo madeiros (2.7 bilhões de dólares).
- O custo total para a realização do Corredor do Araguaia é estimado em 2.2 bilhões. Para cada dólar investido, o Corredor trará um retorno de 9.5 dólares em danos ambientais evitados e em geração de renda para a localidade.
- Mais de 262 milhões de toneladas de carbono serão capturadas, o que equivale à 8% da meta do Brasil no Acordo de Paris.
- Serão gerados 15 milhões de dólares em receitas municipais e no auge do projeto serão criados mais de 37 mil empregos locais.
Rachel Biderman (Diretora Executiva do WRI), Marcelo Brito (Presidente da ABAG) e Ingo Insernhagen (PhD em Restauração Ecológica, e pesquisador da EMBRAPA), membros do Conselho Consultivo da Black Jaguar, contribuíram com uma perspectiva única e com uma boa dose de esperança para os desafios que circundam a restauração ecológica no Brasil.
Rachel Biderman
Rachel falou sobre sua experiência em restauração ecológica no WRI (World Resources Institute), ressaltando a importância do ganho econômico para o proprietário rural. Segundo ela, essa seria a única maneira de ter sucesso na restauração de grande escala, que é inclusive o trabalho da BJF. É necessário gerar benefícios para as comunidades locais, além de produtos sustentáveis a fim de manter a floresta restaurada. Além de tudo isso, para um projeto dessa magnitude, no qual a BJF está envolvida, é preciso um grande investimento em pesquisa e desenvolvimento. Ela também afirmou que existe uma base extensa de conhecimento que está sendo edificado através da sociedade civil brasileira em conjunto com diferentes organizações, universidades, pactos regionais e com o setor privado para contribuir com a concretização dessa enorme tarefa.
Ingo Isernhagen
Ingo destacou que a BJF foi fundada com uma proposta muito objetiva e profissional. Reconhece também a necessidade de investir em pesquisa científica, necessária na prática em campo. Ele explicou o desafio que é restaurar os diferentes tipos de Cerrado, e como as técnicas devem ser aprimoradas anualmente para obter a melhor restauração possível.
Além disso, também existe uma variedade de perfil de proprietários rurais, e cada qual com uma necessidade específica (ecológica e econômica) – e para cada um deve ser utilizada uma abordagem customizada. Isso leva para a necessidade de conduzir uma análise aprofundada de cada lugar a ser restaurado. Por fim, é vital para a restauração manter a tecnologia atualizada conjugada com o treinamento do time local e a melhor fonte de sementes.
Marcello Brito
Marcello explicou que o tema da restauração era até poucos anos um tópico secundário aos proprietários rurais. Hoje o cenário é outro, porém, ainda é necessária que a informação seja mais acessível à esses produtores rurais – inclusive sobre os benefícios obtidos com a restauração ecológica, como por exemplo a redução da necessidade de químicos, e o aumento da polinização.
Ele também argumentou que muitas pessoas não tem acesso à economia formal, e para estes indivíduos é muito difícil se tornarem “formais” perante à lei por falta de recursos e conhecimento disponíveis. Na lei brasileira tudo acontece tão devagar que muitos proprietários rurais não conseguem respeitar o código florestal. Um fator crucial que Brito vê no trabalho da BJF é tornar acessível esses recursos e o conhecimento de base para os proprietários de terra.
Estamos muito gratos a todos os que participaram, ajudaram a explorar um tópico que tem o potencial de mudar a paisagem ambiental no Brasil, e além.
A gravação da webinar também pode ser acessada aqui (somente em português). Dúvidas sobre o estudo? Entre em contato conosco através de contato@black-jaguar.org